Nosso nariz Ă© uma “máquina quântica”? VocĂŞ fez essa pergunta no tĂtulo do artigo que publicamos na VIMAScience há cerca de 2 anos, enquanto na legenda a resposta era “Ainda nĂŁo conhecemos a nossa, mas ainda Ă© uma mosca!”. O artigo, que vocĂŞ pode ler aqui refere-se Ă colaboração do neurobiĂłlogo grego Dr. Efthymiou Skoulaki do Centro de Pesquisa BiomĂ©dica Alexandros Fleming, em Vari, com a biofĂsica Luca Turin, que estava trabalhando no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). A colaboração teve como objetivo explorar como cheiramos. Sim, em contraste com a visĂŁo e a audição, o olfato ainda continua sendo o sentido menos estudado atualmente, e ambos os parceiros procuraram lançar luz sobre os paradoxos do olfato.
As lacunas na teoria
Veja bem, a teoria predominante do olfato nĂŁo parece capaz de explicar algumas observações. Essa teoria quer um mecanismo semelhante ao da chave e da fechadura: as substâncias-chave atingem e se prendem Ă s fechaduras encontradas no nariz de mamĂferos ou antenas de insetos. Como resultado da ligação, a mudança no estereĂłtipo da molĂ©cula de bloqueio, que aciona o envio de sinais quĂmicos ao cĂ©rebro para perceber, registra a chegada da substância-chave.
Essa visão da função olfativa não tem capacidade preditiva: não se pode adivinhar como uma molécula cheira apenas pelo seu estereótipo. Por exemplo, a substituição de uma molécula de oxigênio por etanol, que cheira a vodka, de uma molécula de enxofre produz etanotiol, que, embora muito próximo ao etanol, tem um cheiro insuportável de ovos estragados. Ainda assim, sabe-se que existem moléculas que têm quase o mesmo cheiro, mas seu estereótipo é completamente diferente (e, portanto, não pode ser a chave para o mesmo bloqueio).
As oscilações
Trabalhando com Drosophila melanogaster (mosca do vinagre), os dois parceiros mostraram há dois anos que os insetos percebem odores das oscilações de suas moléculas. Mas como os receptores olfativos humanos diferem dos dos insetos, os dois pesquisadores queriam investigar se o mesmo era verdade para nós.
Para conseguir isso, eles procuraram a ajuda da Vioryl, a Ăşnica indĂşstria de perfumes grega que possui uma grande equipe de pesquisa composta principalmente por quĂmicos. Este grupo pegou uma das molĂ©culas mais amplamente usadas na perfumaria, o almĂscar, e a modificou. Para ser mais preciso, mudou as molĂ©culas de hidrogĂŞnio para molĂ©culas secundárias (a secundária Ă© um isĂłtopo de hidrogĂŞnio). A mudança resultou em mudanças nas oscilações moleculares do almĂscar, mas nĂŁo em seus estereĂłtipos.
Segundo um artigo de pesquisadores gregos publicado na revista PlosOne, a versĂŁo secundária do almĂscar tem um cheiro diferente do normal. Em outras palavras, uma pessoa pode ser distinguida da outra.
Então, nosso nariz é uma máquina quântica? Luca Turin sabe que é preciso tempo para mudar velhas teorias. Porém, as últimas descobertas podem ser suficientes para dizer que há um componente quântico no cheiro humano.
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